sábado, 29 de novembro de 2008

Juventude: busca pela felicidade!


"A busca pela felicidade é a busca por Deus"


Todas as pessoas, sem exceção, buscam a felicidade. Qualquer coisa que você faça ou deixe de fazer é por acreditar que assim você vai ser feliz. Creio, contudo, que na juventude o anseio pela felicidade palpita mais forte no interior do coração humano.

A fase da juventude é a mais difícil na vida de uma pessoa - já dizia um bispo. Na idade infantil, não nos preocupamos com nada, tudo fazem e decidem por nós; na idade adulta, geralmente, já estamos instalados, com a vocação definida, com o caminho escolhido e a juventude, no entanto, é a fase das decisões a serem tomadas, das respostas cobradas, dos sonhos a serem abraçados e da busca pelo sentido da vida por excelência.

Muitos caminhos são apresentados ao jovem e faz-se necessário compreender uma regra básica: nem tudo é bom, mas tudo se apresenta com cara de bom. Pois, já que todos querem ser felizes, se algo se apresentasse como ruim, para proporcionar infelicidade, ninguém nem daria atenção. Portanto é preciso saber fazer bem as escolhas.

A escolha mais radical, a única que responde aos anseios do coração do homem, a única via para a felicidade é a santidade. E santidade é fazer a vontade de Deus, que é a melhor para cada um de nós. Buscar a santidade não é não namorar, não casar, não brincar, não se divertir, não praticar esporte, etc, mas sim fazer de modo correto todas estas coisas. É ser sal e luz no mundo como exortou João Paulo II . É ser o rosto de Cristo no lugar onde convivemos no nosso dia-a-dia.

Em última análise, a busca pela felicidade é a busca por Deus (a felicidade plena).

Nesse sentido, João Paulo II já disse que "pecado é procurar a Deus onde Ele não se encontra". Ou seja, todas as vezes que um jovem procura as drogas, uma sexualidade desregrada, etc, ele está procurando a felicidade plena, na verdade, de maneira incorreta, está procurando a Deus, pois só Ele pode preencher o coração humano daquilo que ele necessita. No salmo 42 lemos: "Como a corça deseja as águas correntes, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando hei de ver a face de Deus?"

Já que descobrimos que a nossa fome e sede são de Deus e que n Ele somos plenamente felizes e realizados, paremos de buscá-lo onde Ele não se encontra e O busquemos n Ele mesmo, na Eucaristia, na Palavra de Deus, na Igreja, por meio da oração e da convivência sadia com os irmãos, sabendo também que Ele quer mais se revelar a nós do que nós a Ele.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

... A Busca de uma Amizade.

"O coração do amigo sabe a canção do seu coração"

Quando buscamos com sinceridade, explorar os pontos fortes que uma amizade pode gerar em nós, conseguimos ver florescer as melhores conquistas humanas. A amizade é muito mais do que sorrir, estar junto. Amizade é comunhão de coração!

Quando se trata de amizade, devemos valorizar a qualidade, e não a quantidade. Na amizade há uma predisposição recíproca em fazer o outro feliz e, muitas vezes, isso significa corrigi-lo. Se formos sábios não teremos medo de ter amigos com coragem e convicção para nos repreender quando for necessário, e sim, nos precaveremos daqueles que sempre concordam conosco, apoiando-nos mesmo nas coisas erradas. "Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato" (Ecle 7,5). Amigos verdadeiros não são interesseiros, são companheiros fiéis que ficam nos bons tempos e nos maus. A amizade verdadeira traz benefícios mútuos: "Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo" (Prov 27,17).

É isso que acontece com o amigo, quando consegue penetrar com profundidade no coração do outro. Muitas vezes, ele não precisa dizer nada, somente com um olhar consegue desvendar o que se passa no interior do outro. Ele sabe cuidar do outro e fazê-lo crescer cada vez mais com as suas qualidades e misérias, permanecendo por perto até mesmo quando somente as lágrimas são capazes de dizer daquilo que se está vivendo e sentindo; muitas vezes, os sentimentos que nascem são partilhados mesmo sem palavras, pois o coração do amigo sabe a canção do seu coração e pode cantá-la quando você tiver esquecido a letra...

Quando criamos laços profundos de amizade, muitas vezes nos defrontamos com os nossos próprios limites na pessoa do nosso amigo, o que nos faz olhar para tudo aquilo que ainda precisa ser trabalhado e restaurado em nós. E essa é a beleza da amizade, pois ela constantemente nos leva a crescer, a dar cada vez mais de nós, a produzir bons frutos. Na verdadeira amizade só é capaz de se fazer moldável aquele que verdadeiramente conhece e ama!

Isso requer passar por cima dos nossos limites, das nossas vontades porque o nosso amigo precisa receber o que temos de melhor para dar. O amigo que se preocupa com o outro, sabe valorizar e aproveitar de cada pessoa, aquilo que ela tem de melhor em sua essência.

A amizade é um sentimento tão nobre quanto o amor... seu valor é imensurável e, não diferente dos outros, requer conquista... “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez a tua rosa tão importante”(Saint Exupéry).

Cabe a cada um de nós cultivar e cuidar desse tesouro chamado amizade, que o próprio Deus se encarregou de nos dar por acréscimo.

sábado, 15 de novembro de 2008

...Ser Feliz.

O amor não nasce por geração espontânea e não morre de causas naturais

Criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor, o ser humano nasceu para amar. Essa é sua vocação fundamental. Essa é a grande finalidade da existência humana. A partir dessa certeza absoluta, nasce uma premente necessidade: aprender a amar e a cuidar do amor. O amor não nasce por geração espontânea e não morre de causas naturais. A morte do amor é sempre conseqüência de um assassinato cometido pela negligência. O amor morre por eutanásia passiva, de tédio, porque não foi alimentado. Amor que não se alimenta não se renova.

O amor se aprende e, além disso, necessita de esforços, renúncias e sacrifícios. Para isso, é fundamental: começar sempre de novo, não ficar lembrando ofensas, ter respeito mútuo (fala, ação, gestos), dinamizar a vida conjugal, não discutir por bobagens, ter vida sexual saudável, educar a vontade: objetivo, determinação, persistência, ter senso de humor, superar os momentos difíceis, saber escutar, aprender a dialogar – adquirir a graça da comunicação, ter jogo de cintura, cortesia, tato, procurar agradar o outro, não viver num mundo de sonhos e de ideais angelicais, expulsar o pessimismo da vida e das palavras (críticas e acusações, opiniões pejorativas , danificar a imagem do outro, generalizações negativas, centralizar detalhes negativos e aumentá-los, antecipar- se no negativo...).

É preciso aprender a ser feliz. Amar é algo que ninguém nasce sabendo. Ninguém ama por geração espontânea. O amor verdadeiro exige aprendizado, treinamento, começo e recomeço. O lar cristão precisa ser uma escola onde se aprende a amar verdadeiramente. Esse aprendizado é impossível sem a vivência e a prática de uma espiritualidade conjugal encarnada. Espiritualidade conjugal é para ser vivida na carne, situada no tempo e no espaço. Podemos falar em espiritualidade conjugal exatamente porque foi o próprio Deus que, ao longo das páginas da Sagrada Escritura, se apropriou dessa imagem para expressar e manifestar seu infinito amor pela humanidade. O amor conjugal precisa ser anúncio explícito do amor apaixonado de Deus pela humanidade.

Não existe nenhum amor mais intenso e profundo do que o amor conjugal. O envolvimento amoroso de um casal é o mais pleno que existe, pois implica corpo, alma, coração, sentimentos, emoções, sangue e sonhos. Tudo isso porque Deus o fez instrumento de revelação do seu amor por nós.

A espiritualidade conjugal, e, como conseqüência, a espiritualidade familiar, tem a grande missão de ajudar o ser humano moderno a encontrar os caminhos para essa ajuda do Alto. A espiritualidade conjugal precisa ajudar no processo de compreensão e superação dos desafios modernos que se tornaram ameaças à fidelidade e à convivência. É preciso combater a cultura do provisório, compreender as diferenças entre homem e mulher, ajudar a criar estruturas de apoio à família, achar caminhos para vencer a idéia de que tudo é fácil, sem esforço, e que a vida pode ser vivida na superficialidade.

O cuidado pelo próprio amor deveria ser a mais importante missão de um casal cristão.



terça-feira, 11 de novembro de 2008

...É preciso aprender a amar

Muita gente pensa que amor é somente um sentimento e que ele brota naturalmente sem que a gente precise fazer nada. Não. Amar é antes de tudo um ato de vontade. É necessário querer amar. É preciso tomar a decisão de amar, de expressar amor pelas pessoas com quem convivemos. Querer envolvê-las com sinais de amor, até mesmo surpreendê-las com as nossas manifestação de amor.

Aqueles que não foram amados, que não receberam amor, que nunca tiveram um ambiente caloroso em amor, aqueles que não foram envolvidos nesse clima de afeto partilhado, freqüentemente não sabem expressar o amor, não conseguem traduzir esse sentimento em gestos. Não é que não exista amor neles: todos fomos criados à imagem e à semelhança de Deus-amor. Há amor em nós. Em todos nós.

O que essas pessoas não sabem expressar é o amor que há nelas. Não conseguem manisfestar em gesto o amor. Ficam encabuladas, inibem-se. Amar é resultado de aprendizagem. É preciso aprender a amar. Elas não receberam, não experimentaram, por isso não sabem amar, não sabem expressar amor.

E como se rompe esse círculo vicioso?

Decidindo-se a amar. Na vida tudo é assim: a criança aprende a andar andando, aprende a falar falando. A gente aprende a cantar cantando, aprende a nadar nadando. Do mesmo modo, a gente só aprende a amar amando.

Mesmo se não tivemos a graça de viver num ambiente de amor, e por isso não aprendemos a amar, a manifestar o amor, chega uma hora em que é preciso decidir. Chega o momento de começar a emitir sinais de amor. É um momento importantíssimo, é uma hora de graça a hora que nós nos decidimos a amar. Repito: amar é uma questão de decisão, é um ato de vontade. Principalmente expressar amor depende de nossa vontade. Começar a fazer gestos concretos de amor é resultado de uma decisão.

A hora é agora. Amar é uma coisa tão importante , é algo tão vital que você não pode deixar para depois. Por que você não se decide agora? Por que você não toma a decisão de começar a fazer gestos de amor?

Não se assuste! Não se iniba. Não é nada difícil demais! É decidir-se e começar a fazer gesto de amor. Será como a criança que dá os primeiros passos. É como começar a dizer as primeiras palavras. É assim que se começa. É assim que se aprende a amar. É assim que se rompe uma cadeia de morte, porque a Palavra de Deus diz claramente:

“Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (I Jo 3,14).

Pare um momento. Decida-se a amar. Tome a decisão de começar a fazer atos de amor. Vai ser a mais linda decisão de sua vida.

Não deixe para depois. Faça isso agora. Decida-se amar! Decida-se a fazer atos concretos de amor! Decida-se!

domingo, 2 de novembro de 2008

... O que é Namorar?

É no encontro com o outro que a pessoa se realiza.

O namoro é dinâmico como a própria vida das pessoas. Hoje a liberdade é enorme quando se fala desse assunto, o que, aliás, torna-se ocasião para muitos desvirtuamentos em termos de namoro. Coisas que para a geração anterior era impensável, hoje tornou-se comum entre os jovens; por exemplo, viajar juntos sem os pais; dormirem na mesma casa, etc. Se por um lado esta liberação pode até facilitar a maturidade dos jovens namorados, não há como negar que é uma oportunidade imensa para que o relacionamento deles ultrapasse os limites de namorados e precipite a vida sexual.

Lamentavelmente tornou-se comum entre os casais de namorados a vida sexual, inadequada nesta fase. O namoro, como já mostramos, é o tempo de conhecer o outro, escolher o parceiro com quem a vida será vivida até a morte, é o tempo de crescimento a dois. Tudo isto será vivido através de um diálogo rico dos dois, pelo qual cada um vai se revelando ao outro, trocando as suas experiências e as suas riquezas interiores, e assim, começa a construção recíproca de cada um, o que continuará após o casamento. O namoro é acima de tudo o encontro de duas pessoas, capazes de pensar, refletir, cantar, sonhar, sorrir e chorar.

O mar é belo e imenso, mas não sabe disso; a terra é bela e rica, mas não sabe disso; o pássaro é belo e não sabe disso. Você é bela, inteligente, livre, dotada de vontade e de consciência; e você sabe disso. Você não é um objeto; é uma pessoa, um ser espiritual e psíquico. O namoro implica no reconhecimento da "pessoa" do outro, a sua aceitação e a comunicação com ela. É diferente conhecer uma pessoa e conhecer um objeto. O objeto é frio, a pessoa é um "mistério" ; não pode ser entendida só pela inteligência, pois a sua realidade interior é muito mais rica do que a idéia que fazemos dela pelas aparências. Você só poderá conhecer a pessoa pelo coração e pela revelação que ela faz de si mesma a você. No objeto vale a quantidade, o peso, o tamanho; a forma, o gosto; na pessoa vale a qualidade. O objeto é um problema a ser resolvido, a pessoa é mistério a ser revelado e compreendido.

Saiba que você está diante de uma pessoa que é única (indivíduo), insubstituível, original, distinta de todos os outros... Alguém já disse que cada pessoa é "uma palavra de Deus que não se repete". Não fomos feitos numa fôrma. No namoro você terá que respeitar essa "individualidade" do outro, para não sufocá-lo. Muitas crises surgem porque ambos não se respeitam como pessoas e únicos. É por isso que as comparações e os padrões rígidos podem ser prejudiciais. Você não pode querer que a sua namorada seja igual àquela moça que você conhece e admira; o seu namorado não tem que ser igual ao seu pai... Cada um é um. A liberdade é uma condição essencial da pessoa. Sem liberdade não há pessoa.

É no encontro com o outro que a pessoa se realiza; e aqui está a beleza do namoro vivido corretamente. Ele leva você a abrir-se ao outro. A partir daí você deixa de ser criança e começa a tornar-se adulto; porque já não olha só para si mesmo. O namoro é esse tempo bonito de inter-comunicação entre duas almas. Mas toda revelação implica num comprometimento de ambos e num engajamento de vidas. "Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas", disse o Pequeno Príncipe. Você se torna responsável por aquele que se revela a você do mais íntimo do seu ser.

O namoro é o tempo da "descoberta", do outro. E isso se faz pelo diálogo, que é o alimento do amor. Há muitos desencontros porque falta o diálogo. Namorar é dialogar! O diálogo é mais do que uma conversa; é um encontro de almas em busca do conhecimento e do crescimento mútuo. Sem um bom diálogo não há um namoro feliz e bonito. É pelo diálogo que o casal seja de namorados ou cônjuges – aprende a se conhecer, ajudam-se mutuamente a corrigir as suas falhas, vencem as dificuldades, cultivam o amor, se aperfeiçoam e se unem cada vez mais. Os namorados que sabem dialogar sabem escolher bem a pessoa adequada, fazendo uma escolha com lucidez e conhecimento maduro. Sem diálogo o casal não cresce, e o namoro não evolui, porque cada um fica trancado e isolado com os seus próprios problemas. Sem ele o casal pode cair na "crise do silêncio", ou apenas trocar palavras vazias, ou ainda, o que é pior, discutir e brigar. Por falta do diálogo, muitas vezes, cada um leva a "sua" vida e ignora o outro; ora, isto não é vida a dois, nem preparação para o casamento.

Enquanto você estiver dominado pela vontade de falar de si mesmo, é porque ainda não está apto a acolher o outro. Entretanto, não arranque o outro do seu silêncio à força; respeito-o, e aos poucos, ajude-o a falar. Não devasse a sua intimidade. Você está vendo que o namoro é como uma escola, um educandário do amor; por isso é belo e rico. Vá interrogando-o com suavidade sobre a sua vida, as suas preocupações, o seu passado, a sua família, a escola, etc. ... Deixe-o dizer tudo o que ele quiser, e não fique com aquele olhar distante, longe, nas nuvens... O diálogo exige gratuidade.

Se você estiver nervoso, preocupado, irritado e de mau humor, então, pegue tudo isto e entregue a Deus, na fé, para estar disponível. O mau humor, a lamúria, a constante reclamação, são venenos mortais para o diálogo e o relacionamento. Sorria, ainda que o seu coração esteja chorando, por amor; isto não é fingimento. Saiba caminhar em direção ao outro, estenda-lhe a mão para ajudá-lo a entrar em você. Se ele vier a você cheio de problemas e angústias, não tenha pressa em querer dar-lhe a solução mágica para as suas dores. Não, apenas deixe que ele se esvazie; deixe-o falar; só depois, quando ele tiver "posto tudo para fora", só então, você lhe dirá uma palavra amiga, e de conforto.

Não será o namoro uma bela oportunidade também para isso? Se você quiser que o seu namorado abra-lhe a alma, e se revele do fundo do seu ser, então saiba ser receptiva, silenciosa, discreta...Então você ouvirá muitas confidências, e ele irá embora aliviado e crescido. A experiência tem me mostrado que a maioria das pessoas que nos procuram para resolver os seus problemas, mais do que conselhos, querem desabafar uma angústia que está no coração. E quando você se dispõe a ouvi-las com atenção e carinho, elas vão se acalmando e encontrando o remédio que precisam, sem que às vezes a gente não diga nada. É a necessidade da alma humana de desabafar.

A verdade é objetiva. Não podemos nos perder em raciocínios vazios e devaneios subjetivos que nos afastam da verdade subjetiva e da responsabilidade. Namorar é isto! Na medida que o tempo for passando, o diálogo for amadurecendo, e o namoro for se firmando, então será necessário conversar sobre as coisas do futuro, para se saber quais as aspirações que cada um traz no coração, e se elas se coadunam mutuamente. Não se trata de ficar sonhando no vazio sobre o futuro, mas de começar a escolher e a preparar a vida que ambos vão viver e construir amanhã: a família, os filhos, etc. Nada de real se faz nesta vida sem um sonho, um projeto, um plano e uma construção. Se de um lado, sonhar no vazio é uma doce ilusão, refletir sobre o que se quer construir no futuro é uma necessidade. É assim que nasce um lar.